A história da música ROSA

Marisa Monte O post de hoje surgiu a partir da dica da amiga Lena Luna no Facebook.

Além de ser uma das maiores obras musicais brasileiras, a canção “Rosa” é uma das preferidas de minha mãe, que aos seus 90 anos completos ainda se gaba de saber e lembrar a letra inteira da valsa. Nos dias de hoje ainda é possível ver minha mãe cantarolando esses versos maravilhosos.

Bem, para ilustrar o post, fomos pesquisar mais sobre a música e encontramos no blog Eternas Músicas um texto  interessante:

Rosa – de Otávio de Souza e Pixinguinha (1917)

Uma das mais belas canções da história do choro é a valsa “Rosa” do mestre Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha. Um primor tanto na versão original, sem letra, quanto na versão mais conhecida com letra de Otávio de Souza. Além da beleza ímpar, a música possui algumas curiosidades.

Segundo o próprio autor, a valsa foi composta em 1917 e o título original era”Evocação”, só recebendo letra muito mais tarde. Como manda a regra e a tradição do chorinho, a música foi composta em três partes. Mais tarde, recebeu letra apenas para primeira e segunda partes e foi gravada e regravada muitas vezes dessa forma. Há alguns anos atrás, a versão original, em três partes e sem letra, foi regravada para o box “Choro Carioca, Música do Brasil” lançado pela gravadora Acari.

“O autor dessa letra é Otávio de Souza, um mecânico do Engenho de Dentro, bairro carioca, muito inteligente e que morreu novo.”

(Pixinguinha)

A letra de “Rosa” é um capítulo à parte. Rebuscada, parnasiana e lindíssima foi composta pelo improvável Otávio de Souza. Otávio de Souza era um mecânico de profissão que morreu jovem e nunca compôs nada parecido com “Rosa”. Um compositor de uma única música, uma obra prima.

Conta a lenda que Otávio de Souza se aproximou de Pixinguinha enquanto o mestre bebia em um bar do subúrbio carioca para falar que havia uma letra que não saía de sua cabeça toda vez que ouvia a valsa. Pixinguinha ouviu e ficou maravilhado.

A gravação feita por Orlando Silva foi a responsável pela popularização de”Rosa”, com erro de concordância e tudo no trecho “sândalos dolente”. Francisco Alves e Carlos Galhardo deixaram de gravar “Rosa” por terem se recusado a gravar “Carinhoso” destinado ao Lado A do mesmo disco. Sobrou, então, a valsa para Orlando Silva, que lhe deu interpretação magistral.

“Rosa” é uma linda valsa de breque, mas de difícil interpretação vocal, especialmente para o uso de legatos, já que as pausas naturais são preenchidas por segmentos que restringem os espaços para o cantor tomar fôlego. Quanto à letra, é também um exemplo do estilo poético rebuscado em moda na época. O desafio de regravar “Rosa” foi tentado por alguns intérpretes, sendo talvez o melhor resultado obtido por Marisa Monte, em 1990, com pequenas alterações melódicas.

Outra curiosidade é que “Rosa” era a canção preferida da mãe de Orlando Silva, Dona Balbina. Após sua morte, em 1968, Orlando Silva  jamais voltou a cantar a canção pois sempre chorava.

Bem, para vocês curtirem, a valsa “Rosa” com Marisa Monte.

The Point Carioca - Blog

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15 comentários sobre “A história da música ROSA

  1. alexandra Manccini de Oliveira 11 11+00:00 fevereiro 11+00:00 2019 / 21:26

    Em algum lugar do passado, numa escola de musica, eu cantei esta canção, com muita vontade…
    em 2019, me deparo com ela novamente ao conhecer Marcel, um flautista que me enviou um vídeo de uma artista americana interpretando Rosa. Este mesmo recém conhecido amigo, pra minha alegria e surpresa, me convidou para ir a um sarau na mesmo escola onde há bons a os atrás
    eu havia cantado esta linda canção. tempos

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    • Sergio Figueiredo 11 11+00:00 fevereiro 11+00:00 2019 / 23:34

      Obrigado por comentar. Espero contar com sua visita em outros posts. Assine como seguidora e sera’ sempre avisada por email a cada post novo. ABS.

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    • Rosa 6 06+00:00 fevereiro 06+00:00 2023 / 12:54

      Belíssima, belíssima! A conheci na época da faculdade de Agronomia, por meio de um professor! Nunca mais consegui parar de cantar. Combinação perfeita de letra e música.
      Obrigada por me permitir conhecer mais dessa obra de arte!
      Gratidão!

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  2. Leonardo Lara 1 01+00:00 junho 01+00:00 2021 / 13:34

    Prezado Sérgio, belíssimo texto explicativo sobre a música “Rosa”. Todavia, desculpe-me a ousadia, mas se você ouvir a versão original, verá que a letra é “sândalos alentes” e não “sândalos dolente” https://www.youtube.com/watch?v=e0bPgyld_go . Peço perdão por minha empáfia, mas acho que seria interessante uma pesquisa acurada, já que vários cantores de renome gravaram a música e notei que a maioria canta “sândalos olentes”, tais como Marisa Monte e Zeca Pagodinho.

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    • Sergio Figueiredo 2 02+00:00 junho 02+00:00 2021 / 12:39

      Caro Leonardo,
      Obrigado por comentar.
      Cabe ressaltar que, segundo o Dicionário de Língua Portuguesa : Alentes vem do verbo alentar (o mesmo que: confortes, consoles, reconfortes); e Olentes é o plural de olente (o mesmo que: aromáticos, cheirosos, fragrantes, odorantes, olorosos, perfumados).
      Acho que o que cabe com uma “rosa” é Olente.
      Abraços.

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      • Leonardo 9 09+00:00 junho 09+00:00 2021 / 19:05

        Prezado Sérgio, fico feliz que tenha lido meu comentário. Apenas a título de curiosidade, outros significados de “alentes” são nutrir, sustentar. Então se você pegar o contexto do trecho (sândalos alentes, cheios de sabor) nota-se que se enquadraria melhor já que o significado seria “sândalos que nutrem, cheios de sabor”. E sândalos “olentes” seria mesmo que sândalos cheirosos, ou seja uma redundância. Estou insistindo nesse assunto porque conversei com outro apreciadores que, ouvindo a música original em 78 rotações, notaram claramente que a palavra é “alentes” e uma letra tão linda e rebuscada, ficar na história maculada por uma redundância, seria uma facada no autor. Acho que valeria um estudo mais apurado e uma correção (caso assim se chegue a esta conclusão). Já pensou que bacana constatar que realmente cantamos a música há quase um século erroneamente e agora consertá-la, fazendo jus a sua maestria? Grande abraço

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      • Sergio Figueiredo 23 23+00:00 junho 23+00:00 2021 / 13:32

        Caro Leonardo. Seu comentário faz sentido e esta corretíssimo. Segundo o site “Qual Delas?” : “…A gravação feita por Orlando Silva foi a responsável pela popularização de “Rosa”, com erro de concordância e tudo no trecho “sândalos dolente”. Francisco Alves e Carlos Galhardo deixaram de gravar “Rosa” por terem se recusado a gravar “Carinhoso” destinado ao Lado A do mesmo disco. Sobrou, então, a valsa para Orlando Silva, que lhe deu interpretação magistral….”. E segue: “… em 1917…recebeu o nome de “Evocação”. Vinte anos após a primeira gravação instrumental do choro “Evocação”, Pixinguinha conhece em um bar suburbano do Rio de Janeiro o mecânico Otávio de Souza, que lhe expõe um inacreditável poema que havia feito exclusivamente para aquela música. Com um refinamento inesperado e usando um português clássico, o chorinho “Evocação” se tornou a Valsa “Rosa”, pois a letra abarcava somente as duas primeiras partes do choro. A primeira gravação ganhou uma interpretação célebre e memorável de Orlando Silva….”. ABS

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  3. Guilherme Zacura Filho 4 04+00:00 junho 04+00:00 2021 / 15:30

    Quero parabeniza-los pelo excelente trabalho que fazem pela música de qualidade e pela cultura brasileira. Tenho 67 anos, e sempre fazemos saraus, por prazer, e também para darmos nossa colaboração na preservação dessa preciosidade que é a MPB. Gostaria de saber a data em que a música foi lançada já com a letra de Otávio de Souza, na voz de Orlando Silva? Obrigado.

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    • Sergio Figueiredo 6 06+00:00 junho 06+00:00 2021 / 11:35

      Segundo o site “Qual Delas ?”: “… Pixinguinha compôs em 1917 e gravou pela primeira vez nesse mesmo ano, em solo de flauta. Vinte anos mais tarde, surgiu o primeiro registro cantado, exatamente este, em antológica e inesquecível interpretação de Orlando Silva, feito na Victor em 28 de maio de 1937 e lançado em julho do mesmo ano…”.

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    • Sergio Figueiredo 23 23+00:00 junho 23+00:00 2021 / 13:26

      Obrigado pelo comentário. A gravação de Orlando Silva aconteceu em julho de 1937. ABS

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  4. José Augusto Brandão 22 22+00:00 novembro 22+00:00 2021 / 14:57

    Esta é uma discussão que vale a pena, pois demonstra a tentativa de todos na preservação desta obra prima, independentemente do gênio que tenha criado esta letra maravilhosa.

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  5. Maria do Carmo dos Santos Pinto 21 21+00:00 março 21+00:00 2023 / 17:26

    Extraordinária composição e melodia.

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